A realidade da migração internacional feminina na contemporaneidade tem se tornado cada vez mais presente no contexto global, de modo que, longe de serem vítimas, as mulheres são decididas e criativas ao buscar novos contextos de vida para si e para seus familiares em um outro país. O que implica diferentes desafios para elas conforme a condição na qual decidem migrar. Pois, nem toda mulher está completamente desamparada, tornando importante a quebra de estereótipos e suposições sobre o gênero feminino.
Porém, estar salva e segura tem sido uma provocação para as mulheres que migram, pois no momento que deixam as suas casas ou fogem delas, estão expostas a várias situações de Violência Baseada no Gênero (incluindo abuso sexual, abuso psíquico, violência física, esterilização forçadae uso de contraceptivos), ataques xenofóbicos, racistas, deportação, exploração e tráfico humano, são uma das questões que as mulheres migrantes e refugiadas precisam enfrentar. E a proteção para elas pode mudar de acordo com o país de destino, mas não invalida a possibilidade de estarem em risco.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, em seu artigo 3°: “todo indivíduo tem o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. ” Mas, isso não é tão simples assim para as mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade e com necessidades de regularização migratória, o que dificulta inclusive, a busca pela equidade de gênero no fenômeno da migração.
É necessário ressaltar, que para mulheres refugiadas e migrantes negras, asiáticas e indígenas essas vulnerabilidades podem ocorrer de maneira acentuada perante as experiências de mulheres brancas no processo de mobilidade humana, já que muitas delas acabam tendo que enfrentar situações de racismo e xenofobia para sobreviver. E esta realidade, infelizmente, se apresenta muito fortemente para as mulheres que buscam o Brasil como país de destino para viver. De forma que, também faz parte da nossa responsabilidade coletiva ter contato com essas realidades e combater as desigualdades vivenciadas por elas.
Pois, ao refletirmos sobre as condições de vulnerabilidade social que são postas as mulheres refugiadas e migrantes, seja no seu país de origem ou no país de destino, muitas mulheres ainda continuam silenciadas e sem possibilidades de lutar e exigir seus direitos, o que reforça estereótipos sobreo gênero feminino quando elas são na verdade um potencial de mudança para a sociedade.
Por fim, o objetivo específico desta série é acolher, ouvir e apoiar as mulheres refugiadas e migrantes que corajosamente dividiram conosco suas histórias e que por meio de seus relatos de vida possamos nos inspirar e criar novas realidades advindas do contexto migratório.